9- A geração de 22 - Oswald de Andrade

 A Geração de 22 - Oswald de Andrade

 
Livro didático:  Se Liga nas Linguagens - capítulo 12 -  páginas 120 a 128

Dando prosseguimento aos destaques literários da primeira geração modernista (geração de 22 ou fase heroica), vamos conhecer um pouco sobre Oswald de Andrade, outro destaque do período.

Oswald de Andrade (1890/1954) - Nascido e vivido em São Paulo, foi romancista, poeta, dramaturgo, ensaísta, jornalista. Entretanto, o que torna Oswald de Andrade mais conhecido foi o fato de ele ter sido um dos destaques do Modernismo no Brasil. Junto a outros artistas como Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Heitor Villa-Lobos e outros, construíram a Semana de Arte Moderna.
O fato de Oswald de Andrade ter tido com as Vanguardas Europeias nos anos 1910 contribuiu decisivamente para o resultado que tivemos em fevereiro de 1922: uma produção artística tão original que chocou a plateia presente ao Teatro Municipal de São Paulo. Por um lado, a o público odiou as diversas apresentações o que indicaria fracasso do projeto da Semana, por outro lado, as propostas lá apresentadas vieram para ficar. Hoje, sabemos qual foi o resultado.

A sua produção literária foi bastante diversificada. 

No teatro, escreveu O rei da vela em 1933 e versa sobre agiotagem, tendo os irmãos Abelardo I e Abelardo II como sócios da empresa que empresta dinheiro a juros exorbitantes. 

Já em relação a manifestos, escreveu o Manifesto da poesia Pau-Brasil em 1924, que reivindicava uma linguagem natural, avessa ao bacharelismo e pedantismo. Conclamava a originalidade nativa, calcada no coloquialismo e nos fatos brasileiros.  Por outras letras, pretendia redescobrir o Brasil. Escreveu também o Manifesto Antropofágico em 1928, que reivindicada a deglutição e a devoração da cultura europeia para transformá-la em algo brasileiro, assimilado por nossa base primitiva, a cultura indígena original. Por outras letras, aniquilar traços da cultura europeia na nossa arte.

Na poesia, Pau-Brasil foi publicado em 1925. É uma coletânea de poemas cujo tema, estrutura poética e vocabulário buscam uma nova identidade literária para o Brasil. Abaixo, alguns exemplos de poemas retirados da obra:

Escapulário
No Pão de Açúcar
De cada dia
Dai-nos Senhor
A poesia de cada dia.

O recruta
O noivo da moça
Foi para guerra
E prometeu se morresse
Vir escutar ela tocar piano
Mas ficou para sempre no Paraguai

Medo da senhora 
A escrava pegou a filhinha nascida  
Nas costas  
E se atirou no Paraíba  
Para que a criança não fosse judiada 

Na prosa, Oswald escreveu Memórias Sentimentais de João Miramar em 1924. O romance acompanha a vida de João Miramar, uma espécie de caricatura do homem paulistano das classes mais abastadas - herdeiro da cultura do café, avesso às coisas brasileiras e fascinado pelo que é estrangeiro - à época da juventude de Oswald de Andrade. Sua estrutura é composta por 163 fragmentos envolvendo diferentes gêneros literários em uma narrativa não linear.

Abaixo os três primeiros capítulos da obra. Observe a falta de linearidade e a fragmentação presentes ao longo da leitura:

1. O PENSIEROSO
Jardim desencanto
O dever e procissões com pálios
E cônegos
Lá fora
E um circo vago e sem mistério
Urbanos apitando nas noites cheias
Mamãe chamava-me e conduzia-me para dentro do oratório de
mãos grudadas.
— O Anjo do Senhor anunciou à Maria que estava para ser a mãe
de Deus.
Vacilava o morrão do azeite bojudo em cima do copo. Um
manequim esquecido vermelhava.
— Senhor convosco, bendita sois entre as mulheres, as mulheres
não têm pernas, são como o manequim de mamãe até embaixo. Para
que pernas nas mulheres, amém.

2. ÉDEN
A cidade de São Paulo na América do Sul não era um livro que
tinha cara de bichos esquisitos e animais de história.
Apenas nas noites dos verões dos serões de grilos armavam campo
aviatório com os berros do invencível São Bento as baratas torvas da
sala de jantar.

3 . GARE DO INFINITO
Papai estava doente na cama e vinha um carro e um homem e o
carro ficava esperando no jardim.
Levaram-me para uma casa velha que fazia doces e nos mudamos
para a sala do quintal onde tinha uma figueira na janela.
No desabar do jantar noturno a voz toda preta de mamãe ia me
buscar para a reza do Anjo que carregou meu pai.

No link abaixo, uma videoaula produzida pelo canal Scribs - Redação Enem - sobre Oswald de Andrade


Em linhas gerais, a publicação que você acabou de ler segue o que está registrado no nosso livro didático. com a finalidade de apresentar Oswald de Andrade com breve biografia, sua importância para a renovação da arte brasileira. E esse renovar se revela pela ruptura na linearidade da narrativa e na subversão estética no fazer poético, no sentido de trazer para literatura uma nova possibilidade de expressão livre de uma tradição que privilegiava a rima, a métrica, o vocabulário rebuscado e temas nobres.

Bom estudo.

Fernando Fernandes

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