6 - Semana de Arte Moderna


 Semana de Arte Moderna - SAM


Livro didático: Se liga nas linguagens - Capítulo 12 - páginas 120 e 121

No livro didático de vocês, há a seguinte afirmação sobre a Semana de Arte Moderna, ocorrida no Teatro Municipal de São Paulo nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922:  

"A Semana de Arte Moderna evidenciou o espírito de ruptura e questionamento que já começava a dominar a arte brasileira desde os primeiros anos do século XX e que seria responsável pelo desenvolvimento do movimento modernista entre nós. Organizado para 'chocar' a burguesia, o evento foi recebido com perplexidade pela plateia, admiradora da arte realista-naturalista e da arte parnasiana. Ironicamente, a Semana não teria ocorrido sem o apoio financeiro de alguns dos integrantes dessa classe social, como Paulo Prado, um membro da oligarquia cafeeira que deseja que São Paulo superasse sua 'mentalidade provinciana'.

O parágrafo acima significa que o período conhecido como Pré-Modernismo, que teve início com a publicação das obras Canaã (Graça Aranha - 1902) e Os Sertões (Euclides da Cunha - 1902) equivale ao momento de concepção de uma nova vida e seu nascimento se dá exatamente na Semana de Arte Moderna. A elite cafeeira que patrocinou o evento esperava uma determinada estética artística, voltada para o Realismo, Naturalismo e Parnasianismo. Entretanto, os organizadores apresentaram uma arte cujo referencial de belo se alinhava com o que os próprios participantes conheceram quando em intercâmbio cultural no exterior.

Abaixo, três tópicos serão apresentados: 

1 - O evento: a Semana de Arte Moderna e algumas informações sobre ela;

2 - Antecedentes da Semana: Eventos anteriores a fevereiro de 1922 que contribuíram para a realização da própria Semana;

3 - Desdobramentos: Eventos posteriores que consolidaram as ideias e estéticas artísticas apresentadas na Semana.

1- O EVENTO

Certamente, você já ouviu falar sobre a Semana de Arte Moderna, doravante SAM. Mais do que um evento ocorrido nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo, a SAM é considerada o marco inicial do Modernismo no Brasil.

Com a ação dos autores do Pré-Modernismo, a chegada das diversas visões artísticas propostas pelas Vanguardas Europeias e a própria insatisfação em relação à política brasileira, tudo culminou na SAM.

Dentre os vários artistas envolvidos nesses dias de espetáculo multicultural, tivemos:

-          Graça Aranha (literatura);

-          Oswald de Andrade (literatura);

-          Menotti del Picchia (literatura);

-          Mário de Andrade (literatura);

-          Di Cavalcanti (pintura);

-          Anita Malfatti (pintura);

-          Victor Brecheret (escultura);

-          Villa-Lobos (música);

Considerando o perfil artístico dos participantes, tivemos nesses três dias de festival momentos de declamação de poemas, palestras, recitais musicais, exposições artísticas diversas.

Como todo a proposta, os modernistas envolvidos na SAM tinham como propósito: 

a) Reivindicar o direito permanente à pesquisa estética, à atualização da arte brasileira, à estabilização de uma consciência criadora nacional. Isto é, não congelamento de um determinada estética, de uma    determinado valor, de um determinado padrão de belo para a arte;

b) Reagir contra o helenismo (ligado aos valores culturais da Antiguidade Clássica), o purismo (valorização excessiva de uma tradição) e o academicismo (estudo sistematizado) de uma maneira geral;

c) Substituir a métrica rígida e os sentimentos catalogados pela linguagem coloquial e pela livre expressão. Isto é, a liberdade criadora é mais importante do que regras pré-estabelecidas.

Além das propostas acima, citamos o próprio Mário de Andrade em seu 'Prefácio Interessantíssimo' alusivo ao livro 'Pauliceia Desvairada' (vários poemas que retratam o cotidiano da capital paulistana). No prefácio, o autor defende que o fazer poético deve se dar de forma tal que a espontaneidade se faça presente ao afirmar que quando ele sente a impulsão lírica, escreve sem pensar tudo o que meu inconsciente lhe grita. Por outro lado, essa espontaneidade se manifesta sem a preocupação de padronizar um quantitativo determinado de sílabas poéticas. Ainda, essa espontaneidade se manifesta quando se escreve em brasileiro (escrever de forma que todos entendam, sem a preocupação com a sintaxe, concordância, vocabulário específico, etc.) e quando a modernidade (o cotidiano) se faz presente.

Observação - Nas aulas sobre as Vanguardas Europeias, tanto o Dadaísmo, o Cubismo, o Expressionismo, o Futurismo como o Surrealismo tinham em comum, apesar das diferentes propostas, o rompimento com a visão tradicional da arte. É exatamente isso que as três propostas acima revelam.

2 - ANTECEDENTES

Partamos, então, para alguns eventos ligados aos antecedentes da SAM, considerando o contexto artístico.

1911 - Oswald de Andrade fundou a revista O Pirralho. Nela, reivindica uma pintura com o olhar brasileiro;

1912 - Oswald de Andrade, em viagem ao exterior, tem contato as Vanguardas Europeias;

1913 - Lasar Segall (pintor lituano), em passagem pelo Brasil, protagoniza a primeira exposição modernista no Brasil;

1914 - Anita Malfatti organiza uma exposição com pinturas expressionistas, após retorno da Europa;

1915 - Em Portugal, tem início o seu Modernismo por meio do lançamento da revista Orpheu, com a participação do poeta e ensaísta brasileiro Ronald Carvalho;

1917 - Anita Malfatti organiza uma segunda exposição com pinturas expressionistas e cubistas. Custou-lhe uma violenta reação de Monteiro Lobato na mídia impressa;

1917 - Menotti del Picchia publica Juca Mulato, poema regional sobre um habitante da floresta que pretende deixar suas raízes e arriscar a vida na cidade grande fazendo um contraponto do Jeca Tatu de Monteiro lobato, alguém sem qualquer iniciativa, força de vontade, preguiçoso;

1919 - Oswald de Andrade, Di Cavalcanti e outros descobrem o escultor Victor Brecheret;

1921 - Graça Aranha (pré-modernista e autor da obra Canaã) retorna do exterior ao saber da efervescência cultural em São Paulo;

 A Semana de Arte Moderna não foi um evento isolado. Na verdade, foi a culminância de uma série de eventos e ideias que eram partilhados de forma isolada e foram colhidas para formar um conjunto de valores que deveriam ser expostos de forma convincente. Daí, o festival. Daí, a Semana. No geral, o público rejeitou o que foi apresentado nos espetáculos. É o choque entre a tradição existente e a renovação proposta.

 3- DESDOBRAMENTOS

Abaixo, alguns desdobramentos da Semana de Arte Moderna de 1922. São revistas e movimentos que trazem unidade de pensamento. É como se o público geral que não teve acesso à SAM pudesse tê-lo por meio das publicações.

Apesar da diversidade de propostas existentes em cada uma dessas publicações, todas se alinhavam ao que foi defendido pelos diversos artistas da SAM.

                 a)  Surgimento de várias revistas voltadas para a arte, por exemplo:

-          Klaxton (São Paulo, 1922 e 1923)

-          Estética (Rio de Janeiro, 1924 e 1925)

-          A Revista (Minas Gerais, 1926)

-          Verde (Minas Gerais, 1926 a 1929


b)  Surgimento de movimentos, por exemplo:

-          Movimento da Poesia Pau Brasil: Oswald de Andrade propunha uma arte brasileira, voltada para a exportação;

-          Movimento Verde-Amarelismo: de Plínio Salgado, Menotti del Picchia e outros, propunha um olhar mais ufanista sobre a arte brasileira e deixar de lar o tom afrancesado do manifesto Pau Brasil.

-          Movimento Antropofágico: Oswald de Andrade radicaliza as ideias contidas no Movimento Pau Brasil.

 

Importante: No livro de vocês, algumas informações apresentadas aqui estão ausentes lá. Entretanto, isso não desqualifica o material de estudo de vocês. 

 

Link de vídeoaula produzida pelo Brasil Escola sobre o assunto.

https://www.youtube.com/watch?v=KNAfeK5D88Y


Fernando Fernandes

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